Tipo: Alteração e Ampliação de Edifício de Serviços
Cliente: Privado
Localização: Aveiro, Portugal
Estado: A decorrer
Autor do Projeto: Maria Fradinho
Equipa: Cristina Paião, Daniel Antunes, Sara Garcia
Data de Projeto: 2022 – a decorrer
Área do Terreno: 221 m2
Área de Implantação: 176 m2
Área Bruta de Construção: 562 m2
Artista 3D: Tiago Vieira da Silva
O Anima localiza-se num ponto histórico da cidade de Aveiro, já que faz parte dos limites da cidade medieval, estando inserido naquela que fora a estrema Poente da antiga Muralha Medieval, junto à Porta de Rabães. Neste lugar, também se encontrava edificado um torreão denominado de Torre de Rabães, um “pequeno castelo” que tinha uma verdadeira presença no perfil da cidade medieval. Hoje perduram no terreno vestígios dessas construções medievais.
O projeto altera e amplia um edifício habitacional existente no terreno, com a pretensão de lhe atribuir as características necessárias para ali ser instalado um serviço destinado à saúde mental. Propõe-se a demolição da cobertura do edifício, para dar resposta às exigências programáticas, assim como a parcela da fachada construída em 1984, que não se considera com caráter histórico, deixando intocável o volume original cujo primeiro registo remonta a 1878.
No edifício original cumpre-se o objetivo de criar uma proposta mais depurada, com fachadas rebocadas e pintadas à cor bege. A composição decorativa da fachada do edifício original apresenta um cuidado redobrado de modo a reabilitar e conservar o património edificado existente e garantir a sua leitura arquitetónica.
Destacam-se as cantarias pré-existentes em granito e as novas caixilharias em alumínio à cor corten, a divisão dos pisos por friso, e o remate do edifício que é feito pela cornija. O remate é ainda ladeado por volutas que, no alçado tardoz, será cuidadosamente replicado.
Desta forma, o edifício original tem destaque na composição formal do conjunto, pela sua depuração em comparação com a sofisticação do novo corpo que se pretende ampliar, já que este admitirá uma linguagem assumidamente contemporânea. A nova intervenção admite tonalidade e materialidade uniforme, sendo criado ritmo através de uma estrutura metálica em lâminas verticais, à cor corten, que funcionam como uma segunda pele e permitem que o edifício se caracterize como semitransparente.
O ritmo adquirido pelas aberturas estrategicamente desenhadas é um gesto que mimetiza a convencionalidade e proporção dos vãos das fachadas locais, através de um jogo de aberto e fechado, que respeita a escala dos vãos dos edifícios vizinhos, fazendo a adequada inserção paisagística à realidade daquele centro urbano.
A dicotomia entre a necessidade programática e a necessidade de manter os vestígios arqueológicos a descoberto, impõe a construção do corpo a Poente, para além do negativo exterior, separando-se o edifício em dois corpos, onde o pátio se configura como parte do conjunto edificado, sendo o elo de ligação entre os dois volumes, unidos por um espaço descoberto, ocupado apenas pelos vestígios arqueológicos e pela memória daquela que foi a área de implantação da antiga Torre de Rabães.
Os vestígios da antiga muralha medieval são devolvidos à cidade, uma vez que vedação da estrema desse pátio, que liga o espaço público ao privado, é feita através de lâminas metálicas, criando uma barreira física com permeabilidade visual, contribuindo para o respeito de tais elementos enquanto memória da condição humana e da história coletiva.
Parte da empena do edifício vizinho que fica contígua ao pátio central, será colmatada com um jardim vertical, permitindo ao pátio uma configuração natural de verdadeiro jardim, atribuindo um ambiente paisagístico de qualidade àquele espaço, assumindo-se como uma área verde de relaxamento e contemplação, fundamental ao usufruto por parte do centro de saúde mental.