Casa 109

Tipo: Construção de habitação unifamiliar
Cliente: Privado
Localização: Vagos, Portugal
Estado: Construído
Autor do Projeto: Maria Fradinho
Equipa: César Pereira, Ana Rita Luís
Data de Projeto: 2016-2017
Data de Construção: 2018 – 2022
Área do Terreno: 1300 m2
Área de Implantação: 350 m2
Área Bruta de Construção: 700 m2
Fotografia: Its – Ivo Tavares Studio

Esta moradia confronta uma das artérias de maior referência do seu concelho – a Estrada Nacional 109.
Desta forma e, uma vez que se trata de um uso habitacional, a peça arquitetónica protege-se desta artéria e propõe materializar-se num corpo uniforme que, através da sua forma e disposição, se abriga e salvaguarda da movimentada estrada.
A Casa 109 tem a fachada principal perpendicular à via, de forma contrastante à realidade pré-existente. Assim, a fachada frontal perde importância tornando-se cega, sendo criado um espaço verde de transição/proteção entre esta e o arruamento – uma barreira que protege a moradia da poluição sonora e ambiental causada pela referida artéria, e que lhe garante a devida privacidade necessária.

Já no interior, o momento de entrada realizado discretamente pelo lado norte, é celebrado por uma contemplação ao exterior a sul, sendo esta garantida por um envidraçado de nascente a poente, que abraça grande parte da fachada sul do edifício e que se orienta de forma perpendicular à artéria confinante.
Assim, a peça arquitetónica, assumidamente horizontal, garante um logradouro lateral, para onde se relaciona a fachada principal.
Este espaço apresenta uma largura capaz de satisfazer as necessidades que se impõem, desenhando-se como zona verde para lazer. Todos os compartimentos se voltam para este importante logradouro, ignorando todas as restantes possibilidades de orientação, nunca tão favoráveis relativamente à luz natural que proporcionam.

O edifício, em forma curva, garante a devida proteção aos ventos no alpendre, ao mesmo tempo que certifica uma maior profundidade do logradouro no eixo da habitação.
Todos os compartimentos vislumbram o logradouro através do alpendre no piso térreo ou de uma varanda conjunta, no piso superior, elementos que proporcionam uma fachada uniforme e permitem que o volume se estenda para além dos seus vãos, sempre de forma homogénea.
Esta fachada horizontal, tal como é assumido na planta, deixa que o piso superior se eleve e se destaque, através do recuo dos limites do seu corpo no piso térreo, composto por paredes revestidas à cor corten que, conjuntamente com o grande envidraçado, se distinguem do branco incontornável da guarda e platibanda do corpo superior, num jogo de equilíbrios onde o balanço estrutural e a materialidade se conjugam para dar leveza a um volume de grandes dimensões.
Esta peça simples e sólida, pretende assumir-se como uma resposta crítica à intervenção em terrenos confinantes às estradas nacionais, resolvendo problemática da incapacidade de usufruir dos logradouros, e determinando a regra em falta para que estas Estradas, que são também Ruas, possam efetivamente receber o uso habitacional com dignidade.