Tipo: Construção de alojamento local
Cliente: Privado
Localização: Vagos, Portugal
Estado: Concluído
Autor do Projeto: Maria Fradinho
Equipa: Jéssica Barreto, Ana Soares, Ana Rita Gomes
Data de Projeto: 2018 – 2019
Área do Terreno: 640 m2
Área de Implantação: 190 m2
Área Bruta de Construção: 390 m2
A moradia proposta insere-se numa zona consolidada (maioritariamente habitacional e com baixa densidade de ocupação), fazendo parte de um conjunto habitacional previsto em loteamento, com alguns lotes já edificados.
Pretende-se que esta moradia seja passível de ser usada como alojamento local, sendo que o conceito de peça de arquitetura, que aqui se descreve, está diretamente relacionado com a visão de ocupação do espaço que este tipo de uso habitacional pressupõe.
Desta forma, o edifício proposto é uma peça não homogénea, composta por vários volumes que formam um só corpo, sendo que a única união é, de forma discreta, realizada ao nível do piso 1.
O edifício admite dois pisos acima da cota da soleira e um abaixo dessa mesma cota, sendo que no piso -1 encontram-se: o estacionamentos para 4 viaturas, os arrumos e a casa das máquinas; no piso 0 organizam-se 3 suites e uma área comum com sala, arrumos e instalação sanitária completa; já no piso 1 distribuem-se todos os restantes espaços da moradia, nomeadamente uma cozinha com área de jantar, uma sala de estar, a suite principal e uma instalação sanitária de serviço.
Contudo, e conforme supramencionado, esta peça subdivide-se em 4 volumes, que deixam vazios entre eles, para garantir a individualização dos espaços cujos ocupantes são rotativos.
Formalmente, desenham-se 4 torres, graças ao recuo e leveza dos elementos que ligam os volumes, apenas ao nível do piso 1, permitindo a continuidade do piso 0 que se quer verde, aberto e partilhado.
Estas 4 torres pretendem-se brancas, despojadas de ornamentos e cujos vãos, estrategicamente posicionados para garantir o máximo de privacidade, são os estritamente necessários para cada fim.
Esta depuração das fachadas pretende enaltecer o elemento crucial deste projeto, a natureza, já que a intenção de negócio do Dono de Obra é a de criar uma “ECO House”.
Assim, os volumes fazem parte de um conjunto, no qual a vegetação é a maior premissa, estando em constante contacto com o objeto de arquitetura.
Esta relação existe em todas as suites, que garantem uma varanda exterior cujos limites são verdes. Estes espaços são definidos por uma estrutura metálica, que é o suporte para a vegetação, tipo trepadeira.
Ao longo de todo o piso 0, um piso impermeável e outro 100% permeável em relva relacionam-se, sendo que em cada orientação que se olhe temos sempre árvores que compõem o cenário. A moradia apresenta-se, deste modo, isolada e envolta num jardim arborizado.
Para além de garantir um piso térreo o mais verde possível, as coberturas dos volumes são também verdes, aumentando a área natural e reforçando o conceito Eco, diferenciando-se da malha urbana pré-existente.
O centro da composição formal é o pátio comum, um vazio no qual os habitantes e seus convidados, podem conviver ao ar livre, tratando-se, portanto, do espaço de encontro e convívio.
O pátio é a zona exterior menos verde, ou mais impermeável, se preferirmos. Faz, portanto, parte da peça arquitetónica na medida em que é o resultado do cruzamento dos volumes e, subsequente, subtração do espaço resultante desse encontro, que se apresenta neste momento como um vazio cheio de alma, já que é “abraçado” pelas 4 torres.
A estrutura da edificação será realizada segundo modelos pré-fabricados, em aço leve (“Light Steel Framing”), tratando-se de uma construção sustentável para seguir o conceito desta casa ecológica.
A peça arquitetónica será uma moradia isolada na qual as frentes, Sul e Poente, são recuadas em relação ao alinhamento das edificações dos restantes lotes, para garantir uma transição suave entre arruamentos, garantindo a continuidade entre as edificações do gaveto.
Isto permite, ainda, que a vegetação, rainha do conceito arquitetónico que aqui se descreve e justifica, ganhe força na entrada para o edifício, marcando, com segurança, o conceito de espaço verde imediatamente à chegada.
É, portanto, um edifício resultante de jogos de cheios e vazios, que se cruzam e se congregam, numa composição onde a vegetação é o elemento principal.