Casa M&V

Tipo: Construção de habitação unifamiliar
Cliente: Privado
Localização: Oliveira do Bairro, Portugal
Estado: Concluído
Autor do Projeto: Maria Fradinho
Equipa: Ana Rita Luís, César Pereira, Ana Rita Gomes
Data de Projeto: 2017-2019
Área do Terreno: 1560 m2
Área de Implantação: 260 m2
Área Bruta de Construção: 420 m2

O projeto para a construção desta habitação unifamiliar, localizada em Oliveira do Bairro, na zona centro de Portugal, tem como principal premissa as características do terreno. Este admite uma morfologia acentuada, com uma variação de alturas de cerca de 5m, entre os dois extremos da sua largura. Tem, também, uma forma irregular e está afeto a uma diversa e complexa legislação, sendo regulado por diversas entidades.

Uma vez que o terreno tem uma frente de largura inferior ao comprimento, e de forma a dar resposta às exigências programáticas, o edifício ganha um alçado principal transversal ao arruamento, possibilitando, ainda, que o mesmo se possa relacionar com o espaço envolvente numa maior extensão.
Estando o seu posicionamento condicionado pela restrição imposta pelo PDM, uma vez que parte do terreno não pode ser edificado, o edifício localiza-se na parte norte do mesmo, orientando-se para sudeste, para disfrutar de uma vista e exposição solar desejável, e de forma a deixar intocável aquela parcela de terreno a proteger. Contudo, esta condicionante afasta a localização do edifício da cota de entrada no terreno. Assim, de forma a aceder ao edifício desde a cota baixa da entrada, foi proposta uma rampa que, para além de garantir o acesso confortável ao edifico, serve também de barreira entre a via e o edifício. Esta rampa e o espaço verde contíguo, criam camadas de sequências que compõem o perfil frontal do arruamento, onde se vê o edifício ao fundo, de fachada cega, e cuja vista é interrompida pela vegetação e por um plano em betão.
Por forma a garantir o cumprimento da legislação referente à área protegida, a morfologia do terreno dessa zona não se altera e o único revestimento de piso construído será o da rampa, que, para garantir o mínimo de impermeabilização possível, se propõe construir com lajetas que serão dispostas gradualmente até à zona de construção, num jogo de aplicação não contínuo e quase aleatório tipo “aqui e acolá”.

Ao edifício acede-se pela cota alta. O volume recua para nos receber até ao espaço interior, acolhedor e intimista, sem vãos, para depois nos obrigar a descer para, por fim, permitir uma ampla e intensa vista sobre os jardins, através de uma fachada totalmente em vidro.

No piso 1, de entrada, situam-se os compartimentos técnicos como a garagem, arrumos, casa das máquinas e lavandaria, mas também um escritório servido por uma instalação sanitária e um terraço de apoio. Assim, o corpo principal da habitação faz-se no piso 0, onde figuram os 3 quartos, as salas e a cozinha, com respetivas instalações sanitárias, e onde todos os compartimentos têm acesso a um alpendre conjunto, que os unifica e permite a ligação constante entre interior e exterior, sempre de forma protegida.

A casa, simples e funcional, articula a complexidade do terreno com a vontade programática através de um volume sólido e unitário, de forma regular e que se vira para sudeste, num alçado forte e coeso.