Piscina Municipal Mata dos Loios

Tipo: Concurso para Construção de Piscina Municipal
Cliente: Câmara Municipal do Barreiro
Localização: Barreiro, Portugal
Estado: Concluído
Autor do Projeto: Maria Fradinho
Equipa: Ana Soares, César Pereira
Data de Projeto: 2021
Área do Terreno: 4024 m2
Área de Implantação: 2546 m2
Área Bruta de Construção: 3965 m2

Na sequência do Concurso Público para a elaboração do projeto da Piscina Municipal da Mata dos Loios, promovido pela Câmara Municipal do Barreiro, apresentámos o presente Estudo Prévio para a respetiva obra de edificação, a construir numa zona urbana consolidada que confina com a Rua João Azevedo do Carmo, freguesia do Lavradio, concelho do Barreiro, distrito de Setúbal.

Apesar da forma regular do terreno proposto para a intervenção, o mesmo admite uma topografia acentuada, com um declive de cerca de 2 m entre a cota alta da via pública, a nascente, e a cota baixa do limite posterior do terreno a poente.
Esta variação da topografia do terreno foi crucial para o encontro da solução apresentada, na medida em que se propõe um edifício respeitador da atual morfologia existente, minimizando o impacto no terreno, numa clara poupança não só financeira, como ambiental.

O edifício apresenta-se num corpo uniforme de forma retangular com 58,0 m de frente por 40,5 m de profundidade, e desenvolve-se em dois pisos, um acima da cota da soleira e outro abaixo, com uma cércea de 6,50 m na fachada principal.
O Piso 0 desenvolve-se à cota do passeio, facilitando o acesso a pessoas com mobilidade reduzida. Por sua vez, o Piso -1 implanta-se a 3,6 m abaixo da cota de entrada do edifício, o que permite que fique com 2 m de altura à superfície, na zona baixa do terreno. O alçado posterior admite, assim, uma altura total de 8,50 m.

Esta estratégia de distribuição das cotas de pisos garante não só uma obra mais simples e económica, como ainda acrescenta valor à qualidade do espaço interior do edifício, uma vez que o Piso 0 está elevado acima da cota da soleira do logradouro posterior, o que permite que no interior as vistas sejam mais amplas, assegurando também uma maior privacidade e proteção ao edifício.
Por outro lado, esta característica permite ainda garantir a ventilação adequada à zona técnica que se desenvolve no Piso -1.
No esquema em corte verifica-se a relação que o edifício tem com as duas cotas do terreno e como se apropria dessa característica para beneficiar a qualidade do espaço interior.

Para garantir o enquadramento na paisagem envolvente, o edifício é orientado de forma paralela aos restantes edifícios do ­arruamento, o que permite uma longa fachada para poente, para aproveitar a luz solar e as vistas.
Esta horizontalidade do volume, em claro contraste com a verticalidade das pré-existências daquele arruamento, tem forte impacto na paisagem posterior, do lado poente do IC21 e da A39, permitindo que o edifício se enquadre numa envolvente arborizada, de forma discreta, mas proeminente, pela­­­ diferença de escala.

Contudo, com uma orientação solar para sudoeste, esta fachada posterior que se deseja envidraçada para aproveitar as vistas para poente, foi protegida por um elemento suspenso, uma pala de ensombramento, que se afasta 6 m do edifício, nos seus alçados sul e poente, garantindo a devida proteção solar.
Esta pala vem reforçar a horizontalidade do edifício, processo que se termina com o cor do mesmo, à cor do betão aparente para, uma vez mais, assumir a sua posição de contraste com o restante edificado existente, bastante mais claro. O tom escolhido permite que o edifício desportivo fique camuflado na vegetação, identificando-se com um estilo de vida saudável e “verde”.
Por outro lado, a fachada frontal do edifício fica marcada pelo recuo da mesma em relação aos edifícios pré-existentes que, conjuntamente com a grande diferença altimétrica das cérceas, permite que o edifício funcione como um desafogo naquele percurso.

O edifício proposto apresenta-se como um volume abstrato, fragmentado em dois por um outro mais pequeno, que define a entrada principal.
Reveste-se a tijolo de vidro maciço retangular, de faces coladas, criando uma aparência de efeitos de brilho e transparências, que recorda a água nos seus efeitos de luz e dupla capacidade de matéria e não matéria. A materialidade do edifício expõe assim o seu uso, numa clara convocatória pública.

É então uma grande caixa de vidro, que nos convida a espreitar e entrar.

No seu perímetro, o piso principal é pautado por pilares metálicos que marcam um ritmo coerente e constante nas fachadas, sempre envidraçadas, ora pelo tijolo de vidro, ora por grandes envidraçados.
Esta permeabilidade/transparência das fachadas permite ganhos energéticos avultados, não só na poupança da iluminação artificial, como também no aquecimento do edifício.
Por outro lado, a pala e árvores de ensombramento a sudoeste, garantem o controlo excessivo de calor que, conjuntamente com as estratégias de ventilação das fachadas, e sistemas de refrigeração mecânicos, permitem uma eficiente gestão energética.

O hall de entrada é desenhado como o centro da distribuição programática do edifício. Desde o momento em que entramos conseguimos de imediato ver a zona de banhos ao fundo, através de um grande envidraçado. Mas a vista prolonga-se para lá do cais, fluindo para o envidraçado a poente. Esta entrada é convidativa e sugere a envolvência na realidade desportiva do interior do edifício.
Neste ponto central de distribuição do hall-lobby, temos acesso direto ao balcão de atendimento/receção e dali podemos optar por diferentes percursos: o circuito do público; o circuito de funcionários administrativos e direção; o circuito de professores, técnicos e funcionários de apoio às piscinas; e o circuito dos utentes das piscinas.

Conseguimos um edifício funcional, prático e capaz, mas também sofisticado, elegante e marcante na paisagem urbana onde se insere.