Tipo: Construção de quinta de agroturismo
Cliente: Privado
Localização: Vagos, Portugal
Estado: Concluído
Autor do Projeto: Maria Fradinho
Equipa: Ana Soares, Ana Rita Gomes
Data de Projeto: 2019 – 2021
Área do Terreno: 10500 m2
Autor do Projeto Original: Desconhecido
A Quinta JL é um empreendimento de turismo rural inserido numa zona com baixa densidade de construção, do concelho de Vagos. A estratégia de ocupação e dinamismo, desenha-se em consideração com os propósitos e objetivos da quinta, nomeadamente consolidar a diferente função e utilização dos espaços, integrar os espaços destinados à agropecuária, e agricultura, e desenhar as unidades de alojamento rural.
No núcleo central do conjunto encontra-se o edifício comum, que define a receção, o bar e uma sala multiusos; e ainda o edifício pré-existente da estufa, que define uma área de cultivo aliada a um espaço versátil, para eventos. Na zona mais soalheira do núcleo central, propõe-se uma piscina descoberta e espaços para atividades lúdicas ao ar-livre, em perfeita conjugação com espaços verdes de vegetação variável, que definem e enriquecem cada espaço, através de um desenho orgânico que cruza diferentes ambientes, como um “entrelaçar de dedos”.
O edifício comum e a estufa aludem ao tradicional celeiro de madeira, sendo recriada a cobertura de duas águas, revestidas tanto por réguas metálicas, como por perfis metálicos, ambos à cor da madeira. Na estufa são utilizadas placas de policarbonato que dobram paredes e tetos exteriores, assumindo um carácter perene e contemporâneo, de permeabilidade e relação continuadamente interior-exterior.
No núcleo destinado aos espaços privados desenham-se cabanas assentes numa estrutura de aço e revestidas com canas naturais. A materialidade e tonalidade do seu interior são simples, para assegurar conforto e contraste com a envolvente. Cada unidade de alojamento contempla uma suite com instalação sanitária, área de refeições e terraço.
No espaço de transição entre o núcleo central e a zona dos alojamentos, organizam-se as infraestruturas para os animais. Estes equipamentos, habitualmente marginalizados, integram-se e comunicam com a restante envolvente. São edifícios de construção elementar, construídos em estrutura de madeira e subestrutura metálica revestida com canas naturais.
Ao longo da quinta, é delineado um movimento orgânico de modo a interligar e entrelaçar os diferentes contrastes e, embora se defina na plasticidade e num desenho fluído, contempla o rigor geométrico e arquitetónico.
O percurso mais célebre é o do passadiço que possibilita o acesso às unidades de alojamento, contornando os estábulos. O passadiço e as cabanas estão elevados acima do solo, estabelecendo um limite permeável e permitindo a continuidade natural da vegetação, da morfologia e das valas de irrigação.
A Quinta JL resulta em espaços que entram em diálogo com a natureza. A plasticidade e o carácter fluído pretendem enfatizar a realidade local e a identidade do alojamento rural, estabelecendo princípios de proximidade. O desenho orgânico e híbrido limita-se a contornar, através de formas curvilíneas e fluídas, sendo sedutoras pela contradição da rigidez e da regra do dia-a-dia.