Casa Anos 40

Tipo: Reabilitação e alteração de habitação unifamiliar
Cliente: Privado
Localização: Ílhavo, Portugal
Estado: Construído
Autor do Projeto: Maria Fradinho
Equipa: Ana Soares, Ana Rita Gomes
Data de Projeto: 2019 – 2020
Data de Obra: 2021 – 2022
Área do Terreno: 815 m2
Área de Implantação: 200 m2
Área Bruta de Construção: 340 m2
Autor do Projeto Original: Desconhecido

Fotografia: Ivo Tavares Studio

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A Casa dos Anos 40 tem duas frentes e duas histórias, que se relacionam em harmonia.
A reabilitação desta moradia é exemplo da perfeita combinação entre o antes e depois, entre o legado do movimento Português Suave e a atualidade sem, com isso, se perder a identidade ou ficar menos capaz de servir os desejos do presente.
Uma obra cuja materialidade é sensível, com alvenaria de adobe, estrutura interior em madeira, e que obriga, por isso, a um cuidado redobrado nas opções estruturais com a  utilização de estrutura metálica.
A simbiose entre o que se permite restaurar e o que se ousa demolir e/ou transformar faz deste exemplo um sucesso de reabilitação: uma obra que resulta da congregação entre o respeito pela linguagem da pré-existência e a assumida intervenção contemporânea.

Esta moradia, construída em 1945, pertence ao centro histórico de Ílhavo. É isolada, tem duas frentes e está construída com alvenaria de adobe, material vernacular típico desta zona do país.
É um belíssimo exemplar do Português Suave, sendo notório o rigor na utilização dos elementos definidores deste movimento.
Em razoável estado de conservação ao nível das fachadas, mas em clara decadência das condições interiores, esta moradia carecia de obras de reabilitação e de requalificação, já que se manifestava incapaz de servir as necessidades que o habitar hoje requer.
Propusemos reabilitar o edifício com respeito máximo pelo desenho original, intervindo de forma discreta, apenas em zonas específicas e onde as novas necessidades assim o exigiam.

A intervenção na fachada frontal foi de rigor e sensibilidade pelo existente, onde apenas se denota a alteração das caixilharias, por questões de conforto térmico.

Todo o edifício foi rebocado de branco, cor intemporal e, de resto, preferida na época original.
O dever de interpretar o alçado posterior da moradia como uma nova fachada frontal foi essencial. Neste sentido, procurou-se resolver os aspetos menos cuidados desta fachada, onde se percebia que estava negligenciada, propondo-se demolir a parede exterior que encerrava a antiga varanda coberta, para dar lugar a uma estrutura permeável – um Cobogó em madeira natural – que protege aquela área sem, com isso, quebrar a sua relação visual com o logradouro.
O grande vão que se abre na varanda garante uma nova linguagem para aquele que é o espaço interior que maior intervenção sofre ao nível do primeiro piso – a suite principal.

No piso térreo os interiores são severamente alterados, dado o seu avançado estado de degradação, para além de que tinham um desenho simplista, em comparação com as restantes áreas da moradia, carecendo de detalhes de época.
Neste piso propôs-se uma total reorganização espacial, com a criação de uma área comum em open-space, que obrigou à demolição das compartimentações existentes. Este é o espaço cuja linguagem é totalmente contemporânea, quer ao nível do desenho, como de revestimentos.
Já nos interiores do piso 1 tudo foi mantido, tendo-se reabilitado o piso de madeira, as portas e guarnições e os tetos em estuque. O desenho foi respeitado, mas a intervenção denota-se na opção cromática, onde se abandonam as cores por compartimento, dando lugar a um branco total, que unifica, suaviza e assume uma linguagem contemporânea.